'Á boca das urnas', 'urna de voto', Urna, nome curioso este... Fará algum sentido porque 'enterramos' ali a nossa esperança ou porque depositamos os restos mortais da nossa participação enquanto cidadãos? Não deixa de me espantar. Numa altura em que o mundo passa por momentos conturbados, em que o modelo social neo-liberal, e do capital, entra em ruptura, em que o mundo da livre competição e a valorização individual mostra o seu verdadeiro resultado, os portugueses decidem continuar a não participar na escolha de quem comandará os seus designios. Desperdiciar um direito e fugir a um dever. Verdade se diga que nenhum dos nossos candidatos explicou verdadeiramente o que significa esta eleição. O que se entende por deputado europeu e quais as suas reais funções. Há uma noção muito vaga que há uma salita onde se reunem e que anda por lá um português (Durão Barroso) num lugar de destaque. Andamos todo este tempo de campanha preocupados em baralhar as pessoas e falar de uma outra campanha que talvez devesse ter acontecido em simultâneo. Perdemos 9 meses de trabalho governamental para termos 3 momentos distintos de acto eleitoral. Num fim-de-semana antes de uma semana de feriados não será o melhor momento para levar 'às urnas' quem pouco se interessa pelos assuntos da humanidade e pelos designios sociais. "Hum, ora se 4ª e 5ª é feriado, o estado (esse senhor que é um porreiro) dá-nos a sexta...COM APENAS 2 DIAS DE FÉRIAS GOZO 9 DIAS DE DESCANSO!!! Votar? hum...Europeias?? Ná...eu quero é saber do que se passa no meu quintal e digo-vos, aquele 'Sócrates não anda aqui a fazer nada de bom mas a Dona 'Tatcher à portuguesa' já mostrou que não é flor que se cheire (nem quero pensar nos tempos em que de si dependeram a educação ou as finanças), quanto ao seu amigo, deveria começar por se preocupar mais com os seus discursos públicos (pelo menos passa-los no corrector ortográfico). O rapazino da Foz, comovido, não há pachorra para desmedida arrogância (mas aquele cabelinho grisalho fica-lhe lindamente). A Ilda, apesar dos discursos a vulso e meio disconexos, entre 'à vontades e sotaque tripeiro' lá se manteve não conseguindo trazer mais nenhum dos seus camaradas às bancadas do parlamento mas, inconsequentemente (bem à imagem da atitude dos portugueses) os 'ovelhas ranhosas' conseguiram dobrar o seu número de votos. Não me lembro de tamanha consequencia da falta de interesse e desmotivação geral. O aparecimento de movimentos independentes espalhou-se com uma alergia...
...Depois disto tudo e deste jogo de ping-pong, que alterna indefinitivamente entre os mesmos dois, não creio que dividir para reinar seja a melhor solução. É preciso pensar com seriedade nas europeias e pensar no resultado que isso pode ter para nós portugueses e, principalmente, que a isso se juntará de novo a má politica nacional, que será sempre salmão (entre o rosa e o laranja). Expliquem aos vossos filhos a importância do acto de votar antes de lhes dizerem onde votar (para que não façam aquela figura de jovens aparentemente politizados que não distinguem o apoiar um candidato de uma final da taça europeia). Expliquem-lhes que a politica não é aquilo que os senhores em São Bento falam e sim tudo aquilo de que dependemos. Que a politica é o dinheiro dos impostos que os clubes de futebol não pagam, é também a existencia de jardins para os nossos filhos, o preço dos autocarros, as escolas e hospitais abertos, o tempo que temos para nós e para os outros e até a qualidade do ar que respiramos. Queremos um mundo melhor?? Para isso temos que começar dentro de nós e pensar para fora de nós.
3 comentários:
Temos uma cronista em potência.
Estou contigo Ana. Já me "aborreci" com uns quantos amigos não só pela passividade de não ir votar e ainda assim dissertarem sobre a incompetência dos políticos que não se preocuparam em eleger, mas também pelo facto de estarem convencidos de que a União Europeia está lá longe e nós no nosso cantinho não termos nada a ver com o assunto...
Muito obrigada meus amigos.
Pena que de facto seja muito próxim oda verdade de facto.
Inês, ter conversas com esse tipo de pessoas sobre eleições é exactamente o memso qu etentar perceber o fenómeno da escolha do português que vai votar.
(pior talvez...hahahaha...é rir para não chorar)
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