As sardinhas, imagem de marca das Festas de Lisboa, estão este ano mais atrevidas, mais cosmopolitas e interculturais.
Bela campanha de marketing. É pena o programa das festas ser assim pró fraquinho, para quem gosta mais do que uns bailaricos. Eu por exemplo vou picar o ponto mas não sou propriamente fã.
Para ser franco, o que interessa mais nestes ajuntamentos populares é ver isso mesmo - os populares. A fauna é variadíssima. Desde as pessoas que vejo todos os dias no autocarro, passando pela tia que acha uma caturreira ir a estas festas do povo até ao turista, cujo estado de espírito vai desde o divertido ao confuso, até ao estado ébrio – a sangria escorrega, tem frutinha, parece um refresco e depois… vê-se no que dá. Mas há uma espécie mutante – não sei se em vias de extinção. Habita os bairros típicos como Alfama, Madragoa, Bica entre outros. É citadino mas todo o seu comportamento e postura física é resultado de uma simbiose entre um povo que acaba de descer da Serra (entenda-se ponto remoto), e o urbano. O resultado é interessante. Têm rituais de acasalamento precoces - é vulgar ver uma miúda com os seus 16 anos já com um filho e outro a caminho. Parece ter o dobro da idade – uns 30 anos mal enjorcados. Reveste-se com calças de Lycra três números abaixo, muito justas, e casaquinhos de malha com brilhantes – afinal é a festa da cidade e do bairro e em muitas destas fêmeas nota-se que se produziram para o evento. As mais modernaças do bairro – as cabeleireiras e esteticistas arriscam uma tigresa conjugada com uma brutal minissaia. Protegem os cascos com botas da moda brancas ou umas sandálias de plástico de solas compensadas, o que lhes da um ar de rameira. O macho dominante passa a vida na “jola” com os companheiros. É como os da Idade da Pedra iam à caça, mas ao contrário daqueles não fazem nenhum, ou quase. Vestem um fato de treino, t-shirts de mangas cavas com os logótipos de marcas de desporto compradas na Feira do Relógio bastante visíveis. Têm leitores de mp3 e telemóveis de última geração mas é essencial que a dentição seja incompleta e mal tratada. A sua urbanidade, para além dos referidos aparelhómetros, reflecte-se nos cortes de cabelo artísticos – rapados e com desenhos em zig-zag, nas coloridas tatuagens e nos piercings variados – é muito popular, claro, o diamante à C. Ronaldo.
Digam lá se não é uma verdadeira experiência sociológica.
terça-feira, 17 de junho de 2008
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4 comentários:
em terra de 'bidentes' quem tem diamante é rei
pode ser um novo ditado 'popular', bem ajustado a esta realidade tão bem descrita (adoro os pormenores da indumentária). Mas os Santos, esta época tão caracteristica 'desta cidade que eu amo', não se faz apenas deste tipo de gentes felizmente.
Mas, na pluralidade é que está a riqueza....
...tão bem integrados que estamos, não vos parece colegas colaboradores?
uma festa tão miscigenada, bem à imagem deste blog, hum??!!!?
contenta!! :D
hahahahahahahahaha
tão bom!!!
Obrigada.
Isto aliado à sô dona nina foi um excelente momento pós extravaso de raiva (a ver mais abaixo num coment)
quem é a sô dona Nina???
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