segunda-feira, 16 de junho de 2008

Acalmar os cavalos!

Não sendo eu propriamente fã incondicional de futebol, e não gostando de dar demasiada importância a algo que de facto de importante não tem nada, gostaria de deixar expostos alguns comentários acerca do que se passa neste país, no momento em que decorre o Euro 2008: 1) Acho ridículo que se vá comemorar para a rua uma vitória da Selecção Portuguesa, que não é mais do que um dos vários passos para se chegar ao fim. Até se chegar, eventualmente, à final há várias batalhas a ganhar, mas que não significam absolutamente nada, para já. Se Portugal chegar à final, aí sim considero minimamente aceitável que se comemore. Portugal está a passar por momentos muito complicados, a nível económico, político, social, cultural ( e tudo e tudo e tudo...) e, por isso, até admito que as pessoas queiram exorcizar dramas, dores, dificuldades e afins. A catarse faz parte da vida! 2) Gostei, muito sinceramente, que Portugal tivesse perdido ontem. É preciso acalmar um bocadinho os cavalos, pôr os pés na terra, para não se comemorar antes do tempo o que ainda não se ganhou. 3) Será que não existe outra forma de o país se animar e de se revelar "patriótico" sem ser através do futebol? Eu julgo que sim. É pena é que a classe política não faça por tal, nem os grandes empresários. Já não temos moeda própria, nem agricultura, nem indústria, é certo, mas temos pessoas fantásticas, um país fantástico, uma língua própria (por enquanto), escritores, músicos, artistas plásticos, pintores, pequenas e médias empresas batalhadoras, cientistas e crânios (cá e lá fora), uma gastronomia do melhor, sei lá... inúmeros motivos de orgulho, não vos parece? Faz-me confusão que estejamos de uma forma geral prostrados e deprimidos. Se a situação não é boa, há que acusar os culpados e reagir. Confesso que não percebi muito bem quem é que organizou o protesto dos camionistas, mas talvez tivesse sido uma boa oportunidade para o país todo parar (não só para encher os depósitos dos carros) e manifestar todo o seu descontentamento perante a crise, perante as atitudes arrogantes deste governo, que insiste em viver noutro mundo que não o real. Afinal de contas o que é que se passou? Estamos todos aflitos com o preço dos combustíveis, mas no fim fomos a correr em pânico dar o dinheirito todo das nossas poupanças às gasolineiras, para no dia seguinte tudo voltar ao normal e com mais um aumento do preço. Quem ficou a ganhar? Os mesmos de sempre que têm a faca e o queijo na mão. Mas não faz mal... afinal Portugal tinha ganho um jogo...

2 comentários:

Freak n'Chic disse...

Quem fala assim não é gago.
Esta coisa do futebol tem sido tema deste blogue por diversas vezes. Inclusivamente por minha mão. E nem sei se não estaremos a dar-lhe demasiada importância.
De todas as formas o problema é a meu ver o fosso cultural que existe entre uma classe privilegiada - não necessariamente em questões de dinheiro - e o Zé-povinho que quer é Pão e Circo.
Também têm o que merecem... Pérolas a porcos, é o que vos digo!
Evoluir passa essencialmente da parte de cada e a maioria das pessoas, mesmo muitas que têm poder económico acima da média têm uma vida medíocre a nível cultura. Porquê? Porque é caro! E depois passam os dias todos à espera do fim do mês para ir gastar em trapinhos e nas férias vão para a República Dominicana onde vão encontrar outros tantos papalvos.

beijo DLC

Corine disse...

Pois é, cá estamos nós com esta forma solitária de analisar os acontecimentos...lol...

Já no post do nosso amigo FNC, alusivo ao mesmo tipo de discussões, expus a conclusão que tirei de tudo isto. Com toda a crise que o país atravessa, olhando para a tabela de vencimentos da comunidade europeia(colocada uns posts abaixo), sentindo em cada um de nós e nas conversas que temos com quem nos está próximo sobre como se tem vivido nestes últimos tempos....a única coisa que me resta dizer é: Não vale de certo preocuparmo-nos em demasía com estas questões quando todos os dias os nossos telejornais dedicam metade do seu tempo ao futebol.
o PAIS está como os portugueses querem, é o reflexo das suas aspirações. Eu como portuguesa que sou confesso, com os trinta ganha-se outra consciencia, que como não me identifico vivo no outro extremo da euforia do futebol (ainda não sei bem definir a sensação mas vive um pouco de desalento e insatisfação).