segunda-feira, 1 de junho de 2009

Aos dias em que somos crianças.

A todas as crianças do mundo, às portuguesas, a mim, a ti, porque já fomos crainças, e em especial ao meu filho. Que nunca esqueçamos que são estes os primeiros tempos. Os de facto mais importantes, aprendemos a respirar, a olhar, a ver. Aprendemos as nossas mãos, a andar, a rir, a perceber, a entender, a fazer e a ser. O que somos depois começa aqui e agora. Mais que o Dia Mundial da Criança é o dia do Ser, o dia da Humanidade.
Do seu longínquo reino cor-de-rosa,/ Voando pela noite silenciosa,/ A fada das crianças vem, luzindo./ Papoulas a coroam, / e, cobrindo/ Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,/ E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,/ Os seus cabelos de ouro acaricia / –E sonhos lindos, como ninguém teve,/ A sentir a criança principia.

E todos os brinquedos se transformam/ Em coisas vivas, e um cortejo formam:/ Cavalos e soldados e bonecas,/ Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,/ E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas/ Que brincam e dão saltos e passadas…/ Mas vem o dia, e, leve e graciosa,/ Pé ante pé, volta a melhor das fadas/ Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.

A Fada das Crianças, Fernando Pessoa

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