segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Como?

"Para esta “história”, no entanto, o que me interessa são os seus azulejos. São aos milhares, em painéis monumentais, espalhados por variadíssimos locais. Uma das maiores contribuições de Maria Keil para a azulejaria lisboeta, foi exactamente para o Metropolitano de Lisboa. Para fugir ao figurativo, que não era o desejado pelos arquitectos do Metro, a Maria Keil partiu para o apuramento das formas geométricas que conseguiram, pelo uso da cor e génio da artista, quebrar a monotonia cinzenta das galerias de cimento armado das primeiras 19, sim, dezanove estações de Metropolitano. Como o marido estava ligado aos trabalhos de arquitectura das estações e conhecendo a fatal “falta de verba” que se fazia sentir, o Metro lá teve de pagar os azulejos, em grande parte fabricados na famosa fábrica de cerâmica “Viúva Lamego”, mas o trabalho insano da criação e pintura dos painéis... ficou de borla. Exactamente! Maria Keil decidiu oferecer o seu enorme trabalho à cidade de Lisboa e ao seu “jovem” Metropolitano.(...)"
"Recentemente a Metro de Lisboa decidiu remodelar, modernizar, ampliar, etc, várias das estações mais antigas e não foram de modas. Avançaram para as paredes e sem dizer água vai, picaram-nas sem se dar ao trabalho de (antes) retirar os painéis de azulejos, ou ao incómodo de dar uma palavra que fosse à autora dos ditos. Mais tarde, depois da obra irremediavelmente destruída, alguém se encarregaria de apresentar umas desculpas esfarrapadas e “compreender” a tristeza da artista."
Porque tratamos alguns dos nossos artísta desta maneira? porque aqueles que contribuem realmente se vêm sempre tratados sem qualquer consideração e respeito?

Maria Keil, ou simplesmente Maria como gostava de ser tratada, tem uma obra invejavél deixando no panorama artístico português um longo e importante testemunho. Recebi este alerta e achei que, por pouco que possa significar, devia juntar-me a este acto de indignação e de denuncia.

2 comentários:

Miss Dalloway disse...

ainda mantemos a capacidade de nos espantarmos com estas coisas...


(tenho um blog novo e assim aproveito para divulgar...)

Corine disse...

tive a oportunidade de averiguar e vir a constatar que de facto isto aconteceu mas não teve esta dimensão catastrófica nem de maneira nenhuma resultou em tamanha ofensa.

Li uma entrevista feita à autora dos azulezos e da qual deixo aqui um excerto:

"Maria Keil, 94 anos feitos este mês, ficou conhecida como ‘a menina dos azulejos’. Pioneira na Arte no Metro, reage à destruição parcial da sua obra em nome do melhoramento da rede com uma serenidade que diz ser o seu maior e melhor trabalho. "Não havia noção nem intenção de destruir, o que havia era ignorância, mas só aconteceu nos Restauradores", recorda."