'Vian leva-nos a um mundo onde o amor é a derradeira força motriz.'

Ontem em conversa com os amigos, já em tom de fim de noite, voltamos a falar de Boris Vian. As conversas são como as cerejas e alguém falou numa vontade qualquer de ler em francês. Surgiu o L'étranger de Albert Camus mas, como não poderia deixar de acontecer, Boris Vian ganhou a nossa atenção rápidamente. Nunca o li em francês mas acredito, como em todas as obras lidas na sua lingua mãe, que alcance outra dimensão. Vem O Arranca Corações (L'Arrache-coeur -1953), As Formigas (Les Fourmis 1949, contos) e o A Espuma dos Dias (L'Écume des jours). Já aqui fiz referência a este último e começo realmente a perceber que não tenho como fugir... talvez ainda não seja desta que o leio em francês mas de certeza na tradução que me foi indicada como sendo a melhor, a edição da Relógio de Água.

Vou deixar umas coisinhas para aguçar a curiosidade, despertar alguma paixão por este imaginário 'simultaneamente romântico e niilista'.

As personagens principais são Colin, Chloé, Chick, Alise e Isis. Colin é um jovem rico, que gosta de jazz e de patinagem. Colin casa com Chloé, que ficará doente, e a angústia de Colin ao tentar salvá-la da morte deforma tudo à sua volta, e evapora a sua fortuna. Chick é amigo de Colin e um aficionado no filósofo Jean-Sol Partre (humor com Jean-Paul Sartre), comprando qualquer documento e edição do autor, o que eventualmente o conduz à perdição. Alise é a bela namorada de Chick, também ela fascinada pelo filósofo, mas não perdida por ele. Nunca exige a Chick que se case com ela, mas eventualmente desalenta-se por isso.

(...)revela-se-nos como uma leitura profunda sobre a vida e o amor, mesmo que veiculada sobre uma aparente ingenuidade ou simplicidade.(...)