sexta-feira, 6 de junho de 2008

Diários

"This isn't a tale of heroic feats. It's about two lives running parallel for a while, with common aspirations and similar dreams. What we had in common - our restlessness, our impassioned spirits, and a love for the open road. Wandering around our America has changed me more than I thought. I am not me any more. At least I'm not the same me I was. Me, I'm not the same me, at least not the same spiritual me." Ernesto 'Che' Guevara de La Serna
É um final capaz de causar uma impressão profunda sobre o carácter desta personalidade que veio um pouco mais tarde a revelar-se. Esta é transcrição do texto que acompanha as imagens finais do filme Diários de Motocicleta, um flashback dos povos encontrados, das gentes e realidades com que estabeleceram contacto ao longo da viagem pelo continente americano.
Para além do real significado que comporta, já largamente discutido com toda a certeza, transportando-o para um campo mais prosaico e pessoal, não consigo deixar de me rever nestas linhas. Sem que nos apercebamos acontecem todos os dias, com todos que se cruzam na nossa visa. De uma forma mais ou menos profunda.
Se nos preocuparmos, se nos interessarmos, se não permanecermos apenas, se não estivermos alienados do mundo que nos rodeia, esta é sem dúvida a sensação em eterno repeat.
Há formas de controlarmos esta influência permanente, nunca nos darmos a conhecer totalmente, nunca deixarmos que ultrapassem aquele espaço nosso que é 'público'. Não nos entregarmos e não nos descentrarmos de nós próprios. Se isso não é acabar com o lado mais bonito que temos em sermos humanos, então eu não sei o que digo, então tudo o que tomo como princípios está errado, então não quero ser assim e transformar-me numa pessoa que para além de me ser desconhecida não me agrada.

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